sábado, 26 de abril de 2014

Da série vida real, capítulo único.


Já perdi as contas de quantas vezes bati a porta do nosso quarto tentando aliviar a tensão de nossas brigas. É incrível como casamentos são muito mais bonitos nas fotos do álbum guardado naquele lugar alto do armário. Sabe, de alguma maneira eu sempre soube que quando se resolve juntar os motivos para sorrir, os desentendimentos sempre se escondem na bagagem. Só não esperava que isso acontecesse com a gente.
    Volto naquele primeiro dia da faculdade, onde esbarrei com um calouro da turma das engenharias, com o cabelo bagunçado e aquela cara –sexy- de sério. Naquele momento eu imaginei como seria acordar todas as manhãs e enxergar o seu rosto ao abrir os olhos. Eu queria isso. E de alguma forma incrível minha timidez e as tão odiadas sardas te encantaram do mesmo jeito que sua pintinha no canto da boca fez comigo.
    Casamos, nos mudamos para aquele apartamento no final da rua, tivemos outra versão de nós - um mini cara de sério, de cabelo bagunçado - e algum tempo depois, nossa primeira briga. A partir daí, a rotina vem tentando acabar com a tranquilidade do nosso relacionamento dia após dia.  
    Não estou dizendo que não te amo mais. Na verdade, até acredito que as imperfeições do nosso casamento são o que torna tudo isso real. Não quero uma vida com sorrisos artificiais e falsas declarações de “está tudo bem”. O que eu quero é exatamente isso: a vida real, a realidade com você. 
    Porque o amor perfeito não passa de mais uma ideia concreta que colocaram na nossa cabeça. Para mim, o amor verdadeiro mesmo é a capacidade de reconciliar-se depois de uma briga. E com um beijo roubado de preferência. Ei psiu, ta esperando o quê? 

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